Nasci pra ser passageiro.
Acho que aceito esse conceito desde que me entendo por gente. Ainda que isso talvez seja um reflexo da perda muito prematura de um ente querido, e talvez até por isso, eu já assimilei a coisa toda de non ad eternum.
Percebi ali que não importava o objetivo, se fossemos cegamente na busca de algo, seriamos sempre frustrados.
Há muito mais do que somente a linha de chegada.
Quem não consegue aproveitar a viagem, sequer deve fazê-la.
Tem gente que tem pressa, gente que se stressa e que acha que precisa chegar ao fim das coisas pra concluí-las e assim começar algo novo.
Acho que o mundo tá acelerando numa descida vertiginosa e sem precedentes num rumo insensível e automático demais pra tudo.
Ninguém mais aprecia as árvores no caminho até a praia, ninguém pensa no caminho de ir pra casa em nada mais que não seja chegar em casa.
Pessoas que já pensam em gozar assim que tiram a roupa. Que ficam imaginando o final do filme logo que começa a descrição do elenco.
Só quem procura compreender o começo e como ele se torna meio, chega ao fim sabendo o que aconteceu.
A gente procura explicação pra tudo, se perguntando apenas porque raios deu errado, baseando-se de que o erro foi recente. Que o que nos levou a falha imediata foi algo imediatamente anterior ao evento atual.
Mas não.
No meio do processo todo algo se perdeu, se desvirtuou e ali, sem que a gente percebesse a coisa desandou, mas como disse, na pressa pela linha de chegada a gente esquece de olhar pros lados.
Triste perceber que ninguém mais olha pela janela do trem de Porto Alegre. Que ninguém se pergunta quem já andou nessa rua antes que seus pés ali estivessem.
Quem já teria olhado esse mesmo por do sol antes de mim aqui sentado com meu chimarrão.
A vida é um ciclo, como tudo nela e ao redor dela.
As perguntas que eu me faço agora, alguém antes de mim já se fez e ainda que não tenha chego nem perto da resposta, longe mesmo como eu estou agora....
Não há motivos pra desistir de perguntar. O que importa não está no significado que fará, mas no caminho que levou até lá.
Pra chegar em qualquer lugar, importa mais o que se faz e por onde se vai.
Se você não sabe onde quer ir, tanto faz que caminho vai escolher.
Se você sabe qual seu objetivo, pare de se importar com ele. Pare de persegui-lo, preocupe-se com a forma de chegar até lá, e aproveite a viagem.
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