Unkle

sexta-feira, 29 de maio de 2009 by AlphaMale
um dos meus prediletos projetos de musica eletronica me causou uma particular alegria hoje de manha...
Eu tenho alguns RSS no meu celular e um deles é da banda...
quando me mandaram o clipe do remix de Fear do Ian Brown ...
Uma musica que eu gostava já, remixada com um primor e uma beleza fantasticos.
Escutei o som, já baixei da loja virtual da VIVO e sai escutando enquanto saia caminhando pela rua, com os desabores da noite passada, com as lembranças de uma pele...
Cheiro, olhar, tudo se confundia ainda aqui dentro.
Certas coisas não devem ser ouvidas, quanto menos ditas, de fato a vossa raça não percebe o impacto da comunicação verbal.
Não compreende a sutil linha que comporta e estabelece comunicação entre transmissor e receptor.

Ao som de Royksopp e Unkle
naquele clima perfeito de inicio de inverno que me lembra o lugar onde eu nasci... com aqueles ares de fumaça e solidão. Aquela melancolia, aquela nostalgia.
Tudo tão completo e acolhedor.
Coisas que me fazem ficar tão bem e tão seguro.
Estar sempre rodeado de completos estranhos desde que esteja frio e meus fones de ouvido estejam comigo.

Me separando como uma parede do mundo real.
No fim, eu sou só a porra dum alienado.
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A morte do bom Samaritano

by AlphaMale
Foi assassinato em primeiro grau, como o do Slater... grande filme.
Simplesmente sem premeditação e súbito como vento na janela.
A caixa de correio acumulando boletos do instituto da criança com diabetes, do lar santo antonio dos excepcionais, do asilo padre cacique o vovó Maria.. e por ai vai.
A lista que eu acumulei durante esses 6 anos foi grande.
A média de 200 reais em 2003 pulou pra 1.480,00 no ano passado.

O filho da puta pega o dinheiro e distribui por ai como se devesse alguma coisa pra alguém.

Mas acabou, hoje. Fim nisso... não do mais nada pra ninguem.. até meu saco tem limite...

Pra que ajudar os outros? Pra que ajudar alguém? No fim todo mundo só quer comer teu rabo magrelo mesmo...
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onde mais ou menos começa... e onde vai terminar

by AlphaMale
Nessa semana eu li no "subnick" de msn de um amigo, algo sobre as pessoas e sua perda do brilho.
Naquela hora eu tive a nitida sensação de deja vu. Nada mais simples que lembrar de algo que não aconteceu.
Como pode ser aterrador e complexo se defrontar com o entendimento de uma verdade.
Seja pessoal ou exterior.
Assim como eu perdi, todos perderam, na matematica da coisa, foi a soma da minha cegueira com a multiplicação das sombras.

Simplesmente não me agrada mais a idéia do convivio social.
Que falta me fazem aqueles livros...
Que falta.

Não fosse a dependencia financeira dos bolsos alheios para que eu encha o meu, teria defenestrado ao menos umas duas dúzias.

Estão matando em mim o que há de bom, aquilo do qual me orgulho de ser.
Não tento ferrar ninguém, nunca tentei.
Sempre me espelhei nos bons exemplos e tentei fazer o que de melhor eu puder pelas pessoas que me cercam.
Simplesmente fico feliz em ser útil e ajudar, mas sinceramente não me agrada a situação atual.
Definitivamente, a liquidez das pessoas me desaponta.
O imediatismo e falta dos valores me decepciona.
Simplesmente se deixa de lado qualquer reconhecimento.
Não nunca pedi nada em troca.
Mas

bom...
é.
não sei.
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The animal i have become

quinta-feira, 21 de maio de 2009 by AlphaMale
não consigo controlar essas ansias de voar.
Irromper essa pele, me sinto preso aqui dentro. Sou eu querendo escapar.
Animal aqui dentro clamando por liberdade.
Não consigo mais andar nesse cativeiro, como bicho de estimação, como uma mera atração de circo.
Não me servem essas roupas e não me cabe essa coleira. As regras do jogo precisam mudar.
Eu digo e decido por onde andar.

Dum lado pro outro eu caminho... cada vez mais a sede aumenta. O sangue escorrendo pelos cantos da boca. Os caninos perfurando a carne como uma faca afiada.
Meus dedos contra as costelas a boca contra o pescoço... a saudade...
E só essas grades, essas benditas grades me impedindo.

Minha fome infinita e sabendo que esse não é o meu lugar. O que diabos me prende aqui???
De quem mais alem da minha sombra eu preciso?

Quanto mais só melhor.
E aquele sorriso psicótico e fino se desenha de novo mostrando os dentes da besta.
Não há o que esconder, os olhos felinos refletem toda luz...

A hora está chegando..
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Um só ao mesmo tempo é três....

quarta-feira, 20 de maio de 2009 by AlphaMale
é bom não se sentir sozinho.

Eu nunca me distancio deles. E eles sempre estão sob minha sombra.
Como se mais do que um, fossemos três. Como se eu nunca me houvessem conhecido.

E eles jamais me chamassem de mim.
Vivemos aqui, nessa cadeia, nessa gaiola, nessa perdida ilha cercada de oceano.
Sozinhos e acompanhados.
Subexistindo consigo e só.

Vai ver, nessa confusão desconfusa, nessa profusão tão intrusa, onde entro em mim mesmo. Toda hora circular, como serra, como furadeira. Eu é que estou errado.
Talvez eu não devesse ter mostrado, tudo que escondia. Não tivesse chutado assim aquele muro que tu construia, talvez hoje a gente não seria, assim penalizados.

Eu e eles, eu sou eles. Eles são eu.



Conseguimos com tranquilidade discorrer desde o mais absurdamente complexo ao mais ingnóbil assunto.
Podemos gastar horas distanciando Cristais nanometricos de buracos negros e estrelas de neutron. Perder 15 minutos com macro economia e sistemas lógicos.
Fisica quantica, espacial, termodinamica.....

Compreendemos a raça humana como poucos homens já imaginaram.
Vimos navios, vi asas, nuvens e rostos. Perdi amigos, amores, sonhos e o fôlego.
Ganhei dinheiro, perdi cabelo. Achei a solução e perdemos a razão.


Um de nós, é a carne, a força e avidez. A flamula existente na vontade de viver. Intenso e frivolo... Momentaneo e lindo como uma explosão. A ansiedade se espelha no seu olho tranquilo e seguro. Esse o que precedeu, veio primeiro ao mundo. Mas só aqui pisou já quando eu tinha que lutar pra conseguir o pão e a carne. Esse que só descobri quando já não sabia de mais nada. Surgiu no meio daquela confusão, daquela tempestade, me amparando como pai. Sendo meu pilar.
Este é o que fixa fundo os pés no chão quando a tempestade se aproxima. Ele é quem salta de olhos fechados da janela. Alçando os vôos mais intrépidos pra dentro de si mesmo. Esse é o que enfrenta a selva. Esse é o eu meu herói.
É um caçador nato, uma selvagem de lança e espada. Um arauto da criação.



Um, é a mente, seus misterios e perguntas. É a interrogação, a charada por de trás do sorriso fino. É a solução pra toda sombra. Tácito e soturno.
É o reflexo do pai, do filho e do espirito santo dentro de mim. Pondera, racionaliza, perdoa, compreende e aceita a vida. Ele é o meu professor. Ele é o mais novo dentre nós. Aquele que observa. Que calcula e que estuda antes que o outro execute. Ele quem administra os espólios, este que parece um meteoro. Que chegou por ultimo e que irá antes de todos. Esse que tem a missão de ser a ponte em todos nós, que é a porta que nos separa. O mediador entre as partes. Um juíz entre os lutadores.



O outro é a existencia completa, uma carcaça mundana e alienigena, sonha que questiona as razões e se perde nas esperanças. Um comum qualquer que ama. Que se perde num sorriso facil e que vira bruto de se avermelhar os olhos ao ver a covardia com que se tratam os perdidos dias.
Aquele que se acovarda ante o reflexo que o questiona. Um canceriano qualquer. Cheio de fome do som. Navega nas musicas. Respira poesia. Esse que é o protegido e o pupilo dos três. O desencanto em movimento, aquele que só faz sombra quando a luz lhe toca. Distraido, só se dá ao valor quando embebido no reconhecimento raso dos seus pares, ouve seu nome.


Eles três sou eu. Efervecendo num emaranhado de súbitos sobressaltos. Dos sonhos mundanos.
Da libido mascarada.
Do olhar de raiva.
Explosão silenciosa.
Dessa soma, potencializada. Desse momento de eclosão. Num Big Bang sem razão, eu sou o produto.

Tudo que você vê, imagina e suspeita.

Aquele que já morreu, que já viveu e que não morrerá.


Ahhhh como queriamos ter cometido tudo aquilo que não pudemos.
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Análogos parte II

by AlphaMale
Pessoas não são conta poupança. Logo não deposite nem dinheiro nem confiança.

Você vai ao mercado querendo comprar Trakinas. Se ali tem. Porque raios sai dali com negresco, fominhas ou bono?

Amargo, doce ou agridoce? Porque alguem pede opostos? Que necessidade há assim tão grande de se conflituar internamente??
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Hoje

by AlphaMale
acordei meio avesso.
Ontem, dormi aceso.
Chimarrão com camomila, pra calmar, Banho gelado, pra poder deitar, mais tranquilo.
Não adiantou.
O discurso da palestra de sexta. As cobranças na empresa. O medo alheio. O corriqueiro devaneio que sempre desperta minha noite de sono encharcado de suor.
Todos os elementos que parecem a parte concreta dos meus pensamentos.
Ali no canto meio iluminado pela luz do poste de fronte da sacada, flutua teu rosto e...
ainda sinto aquele gosto, que teu beijo deixou.
Até ontem nao tinha trocado o lençol, que tinha teu cheiro. Até hoje, não entendi direito aquele dia no por do sol.
Foi sonho ou real.
Quem sabe, as palavras que eu escolhi, não foram as certas.
"sei que as vezes uso, palavras repetidas, mas quais são as palavras que nunca são ditas."
Quanto mais eu ando, menos eu escuto. Nesse quarto escuro, que conheço tão bem, me parece maior, a medida que as horas vão passando.
O café gelado, esse nem em sonho me apatece.
Inda mais com aquele gosto que parece, de maçaneta.

Quanto mais eu penso, mais eu faço as mesmas perguntas. Aquelas mesmas que eu já sei da resposta.
Quem sabe se eu fosse mais simples. E sem todas essas rimas.
E quem sabe se eu não pensasse tanto. É!!!
Se eu não pensasse tanto eu acho que não me encomodaria em não sentir e não ver e não ouvir... se eu não soubesse como vai ser, talvez não tivesse essa ansiedade.

Se eu não fosse tão ansioso, não precisaria sair de casa as 3 da manhã pra andar pela cidade.
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Filme repetido

sexta-feira, 15 de maio de 2009 by AlphaMale
Vendo a vida passar, sentado nessa poltrona confortavel e com muita pipoca.
É assim que to chutando as latinhas no meu caminho.
Como espectador. Larguei a diração desse barco a tempos e prefiro que o vento sopre nas velas um pouco só pra variar.

A raça humana olha pro chão buscando o céu e sequer percebe o que ocorre ali.
Ta fadada ao desgaste total, expondo-se e desgastando-se dessa forma.
Vivendo de aparencias e promessas. Lançando nenhum valor nas suas palavras.
A expressão oral perdeu sua veracidade. As pessoas anunciam aos 4 ventos um monte de impulsos. Manifestam sua inata satisfação e pretensa felicidade a plenos pulmões tentando convencer-se do certo e do errado.

Estão afastando-se da sua essencia. Do Eu verdadeiro e original. Do proprio coração. Cercando-se de muros quase intransponíveis e cheios de razão.

A corrida infindável atrás dum sei-la-o-que, achando que acumulo é sinonimo de realização.

Enchendo os bolsos de pequenas emoções baratas e vazias. Pulando como se não fossem assistidos. Fechando os olhos como se o mundo parasse.

Esquecem de olhar em volta.
O proprio umbigo é o sol, cerne do universo. Não compreendem o reflexo de suas ações, simplesmente não se importam com elas.
Agem como se a divina fagulha da vida fosse um golpe de sorte e não um dom. Jogando no lixo as oportunidades a esmo.

A gente pensa que o correto é fazer tudo pra não se arrepender, depois pensa que não deve fazer certas coisas pra não se magoar. No fim, se pder mais tempo planejando que executando, e mais tempo executando que vivendo.



A salvação, tá no meio dessa minha confusão de ideias. No meu impulso de mandar tudo pro inferno e logo depois, outra das minhas personalidades assumir e esquecer tudo de novo.

Como um ciclo...
que roda
roda
roda
roda
roda...
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15 de Maio

by AlphaMale
Estamos em 15 de Maio. Estamos na maior parte do mundo, praticamente todo o planeta já vive o Centésimo Trigésimo Quinto dia do ano.
Faltam exatamente 230 dias pra acabar ano nessas horas.
O ano de 2009 está praticamente no meio. O ano com maior ciclo de rotações da terra até então registrado.
O ano onde as precipitações fora de epoca provocam enchentes no nordeste e seca no Sul.
Um ano que eu previ ser algo totalmente diferente na minha vida e... de fato está sendo.

Hoje fazem 11 anos que meu maior icone na musica moderna morreu. Frank Sinatra, o homem cuja voz eu invejo e almejo.
O canastrão atuante na primeira versão de um dos meus filmes favoritos.
A atuação sublime, sarcastica e cheia de boas doses de humor inteligente só me fez admirar mais ainda o homem que cantava com o coração.

Alguem que se apaixona de tal forma pela musica que faz, é benemérito de todas os merecimentos.

Na sequencia cronológica, os remakes protagonizados pelo Clooney ficaram muito bons também.
A atmosfera do original foi mantida e a canastrice substituida pela sagaz atuação do moço.

No 15 de Maio, esse de 2009. Um dia sem chuva. Um dia com frio.
Um dia pra eu me lembrar que à exatos 5 anos. Se completavam os estudos da minha tese de geometria extraplanar. Da contraposição sonora às composições de Bach.
Tambem ainda num 15 de maio, eu quebrei meus dois braços descendo a Plinio Brasil Milano de Skate.

Num 15 de Maio eu disse sim num altar, frente a quase 300 pessoas e diante de Deus.
Eu afirmei votos de fidelidade, compromisso e zelo permanente a uma criatura de Deus.

As circunstancias que não concretizaram estes votos não vêm ao caso. Ainda que ..
bom , foi neh.


Num 15 de Maio ainda, e esta é complementar, eu fugi de casa pela primeira vez.
La pelos meus 16 anos, sai sem rumo, arranjei emprego em dois dias, me mudei em cinco. Voltei pra casa 9 meses depois. Como se nada tivesse acontecido.
Minhas fases rebeldes.
Dos cabelos coloridos, da musica alternativa. Do comportamento exótico e excentrico.
Das roupas made by me. Das palavras de ordem. Dos movimentos politicos, esquerdistas, estudantis, do brilhantismo na faculdade. Do ingresso prematuro no corpo universitário. Do vislumbre com a ciencia Física. Da perda da inocencia.

Nessas épocas, ao centésimo trigésimo quinto dia de todo ano, me pergunto:

- o que fiz nos ultimos 12 meses?
- dei passos pra frente?
- Cumpri o que me foi estabelecido e exige meu comprometimento permanente?
- fui condenscente com atos que contrariam meus principios?
- mantive estes principios?

Sempre me questiono se meu grafico evolutivo tem seguido um padrão linear ou está oscilando mais que a Bovespa.

O que eu fiz pra mudar o universo dessa vez?

Hoje no 15 de Maio de 2009. Onde eu estou, quem sou eu e pra que eu sirvo?
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Do outro lado - (interrogação)

segunda-feira, 11 de maio de 2009 by AlphaMale
Nunca é muito correto iniciar-se uma tese filosófica baseando-se num sonho.
O universo etéreo da mente humana é interpessoal demais pra se contrapor a um padrão geral como o universo do conhecimento propõe.

Esses registros heterogéneos da mente são pouco precisos pra basearem uma hipótese ou mesmo uma previsão. Afinal lidam com probabilidades e registros de memória que não estão acessíveis a nosso consciente, jogando os pensamentos com cor e com tempo de forma desconexa. Mesmo quando aparentemente fazem sentido.

Sempre tive um apreço maior pelos super-heróis com Alter ego, aqueles cujo conflito existencial se aproximava da nossa realidade, por experimentarem os lados ambíguos da vida, da eficiência e exposição, ao esconderijo e insignificância.

Aqueles capazes de compreender ou pelo menos de tentar de uma forma objectiva e clara, os problemas alheios e qual sua relevância na vida dos demais que pudessem ser interfirentes ou simplesmente deixassem a vida seguir seu curso.

Bom, como algo que é duro, é duro como a camada de uma estrela de neutron. Minha cabeça é quase tão densa como um buraco negro.

Era pra ser uma noite como outra. Andei pela casa escura na qual me acostumei a chegar todas as noites e já sem tactear o caminho que eu conhecia bem. Fechei a porta atrás de mim, com a força tradicional pra uma porta antiga e pesada fechar-se.
Andei os mesmos passos largos e leves até a escada passando pela geladeira aberta e desligada, vazia e cheia de pó.

Subi a bendita escada em caracol que leva rangidamente os pés até meu quarto, enorme e vazio, ocupado pela cama de sempre e pelo eu de vez em quando.

A camisa eu tiro primeiro, acabo puxando pelas mangas e a gravata sempre fica pendurada no pescoço. Jogo no canto do lado da porta até acumularem as roupas como se fosse uma montanha.
Caminhando e tirando a gravata, mantendo o nó que eu só desfaço antes de refazer.
As meias, uma de cada vez, pulando num pé só.

O cinto joguei num negócio que tem lá que eu nunca preocupei em saber do nome, tipo aqueles onde se põe chapéus e casacos quando se entra numa festa e o mordomo te recebe. Saca, tenho um desses bem velhos no quarto.

Ali também penduro as calças de corte reto que eu uso com sapatos pouco lustrados pra trabalhar. De cueca vou pro banheiro tomar um banho gelado e escuro. Depois que me acostumei a ficar sem energia elétrica graças a um eletricista filho da puta, quase não acendo nada em casa.

O shampoo que eu uso dia sim dia não, tem um cheiro cítrico que me agrada e eu uso em pequenas quantidades na cabeça, sempre mais no topo que dos lados da cabeça.

Ia entrar no box quando... quando veio aquela sensação.

Sabe? Quando tu sentes que mais alguém tá ali contigo, alguém junto. Não necessariamente no mesmo lugar, mas perto. Como quando tu percebe que a TV tá ligada mesmo sem conseguir ver ou ouvir.

Eu senti isso. Me virei rápido pra ver se era só loucura e ...

Bom, naquele escuro, mesmo eu não conseguia ver muito. Andei, acendi a luz, me deparei com um completo estranho!!!

Cheio de espanto por aquela situação eu pensei:

Quem é esse cara, com essa cara estranha?
Porque me imita, porque se limita a me fitar nos olhos, com esse tom ameaçador.

Esse ai, que me vê do avesso, esse que eu sequer conheço, tem algo de familiar.
Não sei, devo ter visto na TV, devo conhecer. Diria que seriamos parecidos sem essa barba por fazer.

Desconfio que a tempos ele me observa, acho até que sempre esteve aqui.
Mas como nunca o vi? Porque me olha tão fundo nos olhos, o que pretende ver?

Esse ar de arrogância, quem esse cara pensa que é? Pra me olhar assim presunçoso e cheio de impáfia?
Pensei em dar de ombros e lhe dar as costas mas ele ia se virar e fugir quando me peguei olhando pra ele de novo.

Como que pode, com essa cara cansada e esse ar de derrotado. Ostentar um orgulho assim?

Deveria chegar e tirar as caras, falar as claras, saber quem é e porque me seca assim.
Afina, não sou guri de meias palavras e acho que ele pensa isso de mim.

Quando quase me distraí, percebi que ele ainda me olhava.
Agora com ar de curioso, parecia até inquisidor, como se quisesse saber pra onde eu ia ou de onde vinha.

Meu Deus, será que ele já me conhecia!?!?



Meio que assustado, meio que magoado, com aquela vistoria, quase inquisitora.

Apaguei a luz e ele se foi. Ou pelo menos era o que eu sentia.

Aparentemente, estava só.

Até ouvir um "Maiqueeeeelll....." distante demais pra parecer coisa além da minha imaginação. Mas a voz, tinha algo de familiar.

Meu banho foi rápido, agua gelada não é coisa pra mais que 10 minutos e era tarde, eu estava moído como carne de segunda.

Me sequei numa toalha velha, fina já. Era coisa que eu não tinha hábito de comprar, no máximo trocava quando ganhasse.

Caminhando, pingando e balançando a cabeça como um cusquinho de rua depois da chuva eu fui até a cama. Larguei a toalha na cabeceira, afinal que homem que preze seus culhões estende uma toalha???

Deitei ali, uma das 14 cuecas brancas no corpo. A cabeça mais umida do que minha mãe recomendava e a cabeça, a enorme cabeça, como sempre, cheia.

Aquele cara, que eu vi, não parecia nada comigo, excepto pelo olhar. Estranho, nosso olho era bem parecido.

Mas com aquela carranca nos cornos, com aquele ar meio desolado. E aquela barba.. nossa, aqueles pelos, uns poucos ali espalhados como sopa de criança mal criada.

Aquela cara de poucos amigos e um olho fundo, cercado de negro, escuro, sei lá.

E outra, porque me olhava daquele jeito. Tão curioso. E porque não saia da minha cabeça?

E assim foi por algumas horas, depois de perder a noção do tempo, dormi.

Mas dormi naquela posição filha-da-puta, um dos braços na nuca, o outro no peito.

Mesmo com o vento entrando na janela, eu não me cobri nem nada. Fiquei ali ouvindo Save The Robot, projeto do Alien e do Quadra, bem bom...

Então, eu estava caminhando num lugar esquisito, chão poeirento e grama rala.

Não usava minhas roupas habituais, exceto talvez pelo tênis que me parecia comum e bem desgastado como eu gosto.

Parecia um lugar que eu vivia desde sempre, desde bem criança .

Só caminhava até que alguém me chamou, mas antes que eu virasse....



Acordei. Aquele gosto de quem acorda dum sono longo, presente na língua.
O fôlego preso e sufocado com se alguém tivesse recém destampado minha cara com o travesseiro.
O Sobressalto foi tão grande que eu fui parar longe da cama.

A dor nas costas me jogou direto pra realidade. Mas véio, se tivessem ouvido a voz que me chamou, era...

Era Ele, certamente, era Ele.
O misto de medo e pavor que me abateram naquela hora quase me fizeram chorar.
Achei que fosse demorar mais.
Já era hora, de um próximo passo, de um noto estagio.
De uma nova abordagem com relação ao que eu me comprometi a fazer.

Não é simples, essa missão é longa e de fato, como toda escolha, requer renuncias.
Será que eu estou fundamentalmente comprometido ou apenas me deixei levar por um impulso como até então.
Seria por isso aquela curiosidade que despertei no meu reflexo. Seria esse o sinal de que a mudança se aproxima.
O fim dum ciclo, o começo de uma linha reta.

Eu sei pra onde ir. Sei exatamente. Como se já estivesse estado lá. Mas...

Eu devo ir agora?
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Maria- Olhos de sol

quinta-feira, 7 de maio de 2009 by AlphaMale
...ela olhava o sol laranja deitar no canto de trás da casa.
Na sombra as árvores secas de galho retorcido, pretas e causticadas, castigadas pela
coroa dourada que dormiria logo, viu dois carcarás a espreita dum lagarto rasteiro.


Os olhos de Maria, da íris amarela, redondos como de pássaro assustado, pousavam no quieto
sobre os braços fininhos na janela de barro da casa pau-a-pique no meio do chão esquartejado e poeirento.


La fora, um boi magro, um chifre cortado uma marca marrom enferrujada no lombo com um não-sei-o-que qualquer
, as duas galinhas, magricelas também, catando vermes no chão e levantando as cabeças de crista empoeirada. A esqualida e vermelha cega, tascava as patas na
outra, tacteando assim sua rival na busca por algo que não fosse uma pedra.

Com umas poucas ciscadas e uma longa briga repartiram uma minhoca lamacenta escavada durante a tarde.

A boca seca, pequena e cortada de Maria balbuciou qualquer coisa antes de sorrir sem mostrar os dentes e logo adquiriu
a mesma expressão quieta de cera, viu a pequena poça que se formara no longe de sua casa refletir uns pássaros voando em direção ao sul.

Sabia bem onde era o sul. Toda noite sua mãe lhe contava histórias duma terra cheia de verde onde outrora seu pai lhe pediu em casamento
e onde Maria dos olhos amarelos havia nascido.

Vieram muito novos pro sertão, a mãe de Maria tinha seus 15 anos ao levar Maria nos braços e seu pai pouco mais de 21.
A busca por trabalho fácil os trouxe na carreta dum Mercedes dois eixos, azul desgastado.
Eu em sua sombra os acompanhava quieto, mesmo sendo velho nunca dei minha opinião. Sempre escutei tudo, nunca falei nada.
Cuido de Maria desde seu engatinhar mais singelo.


Pro Sul também, seu pai havia voltado dois anos antes de hoje. Deixando pra trás, Maria, 4 anos de vida Quixote, seu irmão e Helena, sua mãe.
A casa de barro e taquara, os bois as galinhas, o cão, o chão, o sertão, e Maria.


Maria dos olhos redondos tal jaboticaba madura viram passar ali o Severino, aquele da Maria, do finado Zacarias, da serra
ossuda, da vida sofrida, da enxada quebrada.
O Severino da barriga vazia. Sofrido de morte nascida, matado de morte emboscada.

Virou seus olhinhos prum canto vesgo, num musgo seco, a alga morta, naquele canto, pretensa horta, farta de areia,
brotava no chão, seco como o coração da Maria, um botão de flor, uma rosa de amor. Um pedaço de sonho, que Maria viu
desaparecer, por que ali, chover não era coisa de sempre, era coisa de santo. Era milagre de tonto, quem acreditava era Padre, em terço de madre,
Maria de nossa senhora a Virgem. A mamãe do Cristo, do pobre e bonito nosso senhor.

Na prece da viuvá chorosa, que fazia frente ao lado do jumento, esse também em terno preto que puxava o carro que carregava o morto.
Maria sentiu a dor, de perder no horizonte, a flor, a paz, o amor e o medo.

Ela ali debruçada no cantinho da janela, que pequena já existia, "desdo" tempo da avó. Olhando o sul, olhando o chão, perdida no mar
que reflectia no piso seco, da lajota de terra, na terra de Maria.

Todo dia, sempre fazia, a mesma varia, acordava com o sol, nos olhos, sol dos olhos que eram a luz, eram o sol brilhando no céu do sertão,
naquele sol, matutino, matutava uma solução, 6 anos de vida nas mãos, se preocupava em comer,
até sentir a barriga doer, até poder ver, um raminho uma raiz,
uma palma uma planta. A comida do boi, a sua comida, o ovo da galinha magra, no galinheiro colhia.

Moendo a farinha, remoendo a tristeza. Fazia o mar, nas lagriminhas salgadas da Maria, que molhavam a farinha.

Todo dia, pintava no chão a poesia, chorava no colo da Luzia, a amiga fada do seu sonho. A fada que mamãe dizia, que um dia feliz te faria. Sonhava Maria.

Vai voltar pro Sul e ver papai.

Os cabelinhos de Maria, dourdinhos enrolados, presos no laço, vermelho do lenço, que sua mãe tinha. Poido, velhinho no todo,
mas que daquela cabeça, jamais saia.

Capinava a Maria, o chão da fazendinha, como boneca de trapo laranja, da minha sofrida. Olhando sempre o sol que se cegava
ao ver-se refletido naqueles olhos amarelos de limão.

E eu meu olhar ali deitava, no canto aquietava.

Quem conseguiria, engolir um gole d'gua que fosse, ao ver li Maria, seu metro e pouquinho, capinando no chãozinho, seco de doer sem ter o que comer,
pintada óleo, sem cor sem vida, contrastada pela dor, pelo olho colorida.

Nem brilha seu sorriso, toda noite que não dorme, conta uma estrela no céu, pedido que retorne, o papai amado da vida.

O Quixote vai a escola, pelo prato de comida, caminha 7 léguas, logo cedo da matina, chega noite quase escura, traz as veiz o lampião,
pega com a mão de 8 anos, um livro e um pão.
A outra mão de 8 anos, se perdeu à três passados, onde ele e o jumento o mesmo que levava o defunto, levava no dia seu arado.

O Quixote, era o valente, sem um braço, combatente, fazia do seu dia uma aventura de Golias, era gigante, tinha seus 1 metro e muitos.
Era filho de defuntos, órfão de pai de mãe e de nascimento.

Veio no mesmo caminhar, andou pelo mesmo beira-mar, pra chegar no sertão. Ali onde um não, é melhor que a solidão.

Ele me tinha por amigo, era o que mais falava comigo. Foi quem me trouxe ao abrigo quando eu ainda mal caminhava.


Éramos, uma família.

Tudo com essa vida de cão, em matilha, em partilha. Irmão, eu a mãe e a filha.



Por esses lados onde o vento mal vem, e ainda com algum desdém, quando não trás má noticia, tras no senho a "imundicia" de ser moléstia.


Foi quando o boato, que de atraso ser fato, era real e perigosa. Uma tal peste dolorosa, sem cor silenciosa. Que não batia a porta mas que da guampa torta
arrancava o sopro da vida.


Era cedo, era Junho, quando o pó que levantava da fazenda cessou.

Corri pra ver onde andava Maria, que da comida cuidava, na terra plantada.

Ao vê-la caída no chão, voltei correndo pra casa e chamei atenção da mãe até que ela viesse comigo pra trazermos a Maria pra sua cama.

No colchão de retalho, mais parecendo mortalho a mãe a deitou, ao lado ajoelhou, enquanto no delírio do seu febril suor, Maria chamava pelo pai.

- Ele tá vindo!!!

Foi a primeira vez que ouvi ela falar desde o dia em que chorosamente pediu a Deus que não levasse Quixote no acidente.

-Quem meu amor... quem tá vindo? balbuciava a mãe sem voz tentando manter normal a temperatura da febril criaturinha.

(o anjo que ali pairava, tomado de compaixão, se encheu de atenção, alçou sua mão, ao nosso senhor Jesus, pediu pro sofriente da cruz, que trouxesse o pai
amado).

- Papai, papai tá vindo... , dito isso, fechou os olhos e o escuro do quarto se abateu sobre nós..

( o anjo encharcado no próprio sofrer, viu Maria esmorecer, sem poder dizer, nenhuma palavra.)

- Ai meu Deus... Ai meu Deus... berrava a pobre mãe com a filha fervendo
nos braços, como se ao gritar o Senhor lhe ouvisse;


(eu vi bater suas asas, leves em pluma branca, como garça alva e franca, subir pelo teto)


4 dias depois, sem forças pra respirar, o Sol se apagou no canto oeste daquele fim-de-mundo. Pela ultima vez se ouviu o pranto da Maria.

Pela ultima vez, seu olho de ouro abrira.



Na tarde do fim do Junho,

uma ventania esquerda, chamava o resto de chão pra voar, esfarelado no redemoinho, por trás do passo rasino. Um caminhante a andar.

Não tinha mais que um metro e tanto, era de causar certo espanto, a largura dos seus ombros.

O cabelo enrolado, no curto cortado, da pele curtida. Do couro tercado, da calça puida.

Veio cabeça baixa, veio fala mansa, veio de longe porque o pó dessa andança, inda tava nas vestes.


Chegou ali, como quem conhecesse a mão em que pisava, a palma que avisava, onde ele tava.

Sem bater pisou de pé direito, não parou nem no ver de perto, uma mão sobre a outra sobre o peito.
No tecido preto, a mortalha que cobria, sua prole sua cria.

Ali, pairava a pequena Maria.

Na taquara de cama, de cama falecia.

Nem suspiro dava, nem o olho que fechava. Nem a morte que doía.

Nem respirar o pai conseguia, sua garganta seca não abria, seu olhar compadecia, sabia que era tarde, pra ver o brilho de Maria.

O anjo, pousado sobre o ombro, triste sem consolo, olhava e eu o via.

O pai sentou ao lado, da jóia mais preciosa, que tanto amava, que tanta falta fez.


- Meu anjinho me chamou, eu voltei. Ingrato tempo, ingrato vento.




Vê, o que mais queremos, é o que menos precisamos. Quando o temos, não vemos, desperdiçamos.

Pra recuperar, tempo não há.

Quando tiveres nas mãos, uma jóia, não deixa escapar. Esse tempo não volta.
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Sintoma - um virus sem cura, ou um inicio de resfriado???

terça-feira, 5 de maio de 2009 by AlphaMale
As diferenças entre uma gripe comum e uma moléstia dessas que arrebata e deixa de cama, é ocasião.

Assim como no dito da ocasião que faz o ladrão, ela também faz a vitima.

Vou explicar.
No dicionário formal aqui Sintoma é definido como uma alteração na percepção de "normal" que temos sobre nosso metabolismo, comportamento, tendencia ou assumitismo ( licença poética pra retratar comportamento civil).

Um sintoma é um fator subjetivo, alheio ao trivial, que denota mudança do estado habitual, traduzindo.

Ex; quando estamos facinados, felizes, extaziados de paixão, há brilho nos olhos. Sintomatica da hormonal feromonia presente no cérebro quando os seres estão repletos de desejo.
Explicação, denotei que: quando olhamos estáticos pra o pretendido ser, o amado ser, nossa glandula lacrimal providencia que nossos olhos sejam lubrificados de modo que não pisquemos e possamos mais diretamente olhar o alvo de nosso anseio.

Dai a ideia de ver-se refletido nos olhos de alguém.

O problema, está na ocasião em que o maior virus ou uma simples bactéria entram no organismo e isto se aplica no sentido de que, dadas especificas temperatura e ventilação, uma ou outra podem vir a ser nada, ou uma prematura finda'vida.

Diferente do que se possa pensar.. não é o virus, nem a gripe e nem muito menos ter ficado "de cama" igual mendigo atropelado.

A questão é que esta maldita gripe me deixou confuso e confundiu não minha cabeça, mas o meu mais importante elemento pro. O Olfato...
Senti cheiros, que nõ estavam lá.
Que caçador consegue se desvencilhar duma armadilha tão mordaz, sublime, concordo.
Mas nada bonito.;

Esse é um jogo que eu ainda não aprendi a jogar.
E sinceramente, não to mais com nenhuma vontade de apostar minhas fichas.

Você decide, você divide.
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Machista, idealista, mercenário, iconoclasta. Um psicopata? Viciado em mulher, chimarrão, cinema, música, fotografia, ficção científica e cerveja. Bio: “Estudando a ordem dos animais superiores e sociais (lobos, primatas, etc.) o macho alfa é o líder. Ele tem força, habilidade para caça, facilidade para tomar decisões, personalidade marcante e bravura. Geralmente solitário, demonstra sua autoridade jamais permitindo que os outros animais se insurjam contra ele. É o primeiro a se alimentar e possui primazia na cópula e escolha das fêmeas. Freqüentemente demonstra seu domínio rosnando, mordendo, perseguindo, dilacerando, ou descansando sobre outros animais” Sou viciado em adrenalina, tal como se fosse isso um soro de sobrevivência. Ex seminarista, ex físico, ex marido... Pai por escolha e geneticamente predisposto à calvice. Sim sou eu.

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