...Este pobre diabo, que já leu umas quatro vezes o chamado assim, Livro da Vida.
Nada me comove e me identifica mais do que a história de Sansão.

Um homem com um dom divino está sujeito à toda sorte de interpéries e tentações, sua vida é lavrada na dificuldade e na parcimônia. Deve ser contido e cauteloso, vigilante e prestativo. Seu dom não é seu, é dos outros, ele é mero instrumento da vontade divina e como tal, sua função é brindar à outrem a graça celestial. Este por sua vez, foi atento e sofreu muito ante seu trágico fim.

Parece utopia que eu, um declarado ex católico ainda seja assim maravilhado pela farsa literária da humanidade.

Fato é que, isso existiu, talvez com outro nome, fora de Israel, não lutou contra os efésios e até poderia ser que nunca houvesse existido uma Dalila. Pode não ter sido privado de sua visão e nunca teve familia, ou se teve não era junto à ela.

Fato, novamente, é que isso ocorreu, toda história tem um fundo de verdade e toda existencia relatada se baseia numa ação passada. Tenha sido ela modificada ou seja retratada fededignamente. Um Sansão moderno e visto sob a minha ótica, não teria sido facil, ou dificilmente enganado, ludibriado ou teria se deixado levar por uma mulher.

O Sansão de hoje não se daria ao trabalho de passar por todo o sofrimento que o amor trás, para se tornar um salvador de seu povo.

Acho ainda que no ponto alto de sua tragetória brilhante e impossível de ser ignorada ele atearia fogo em sua cabeça ou iria deliberadamente até o cabeleireiro, seguido por uma multidão de fiéis e infiéis que filmavam com seus celulares cada passo do redentor da humanidade até as tesouras do destino. Sim pois todos saberiam de sua existencia atráves de algum e-mail ou duma comunidade do Orkut.
Seguiria ele, cercado de flashes e caminhando como que em camera lenta, o arauto da humanidade encaminha-se ao sacrificio, auto imolado pela falta de ter o que fazer e pelo cansaço do homem que nadou contra a maré da má vontade da estagnada humanidade. Abdicando da graça despejada em suas mãos, deixando os cabelos cairem pelo chão. Os cabelos que lhe brindavam com força jamais vista. Afinal, ele é só um vivente pra lá de sortudo/azarado que nem sabe lidar com uma escova de dentes sem quebrar tudo. Descomunal a força dos seus braços que negam abraço por medo.

Por fim ainda, sairia sorrindo dalí, aliviado do fardo de carregar a salavção sobre a sua cabeça, essa sim uma coroa derrubada pelas mãos humanas. Sobre seus ombros agora não haveria mais peso e ele seria grato por todos os momentos felizes, muito embora nem sequer pudesse ouvir falar no passado e quisesse de todo o seu coração, viver uma vida nova...

Hoje é 24-12, é data pré celebrativa do nascimento do Cristo. Um redentor maior. Um salvador legítimo e não um mortal que de surpresa como numa loteria ganha um premio que acaba sendo sua ruína.

Jesus, o Cristo, um Deus mais humano que sua própria criação, o homem, foi feliz, chorou, viveu e amou mais que qualquer outro. A celebração do seu nascimento tem pra mim um contraponto significativo que todos esquecemos: Misericórida.

Redenção de nossos pecados, renascimento. Eu me vejo todo ano num misto de sentimentos de auto-comiseração nessa época. Sempre sozinho e caminhando dum lado "proutro" sem um rumo certo...
chame como quiser, eu prefiro acordar desse sonho doido que é a vida

Afinal , pra melhorar, basta estar ruim.