Tinha dois braços de aço, um mais longo que o outro.
Um terceiro, esse mais inconstante, cingia todo o circulo em questão de minuto.
Seus segredos, números romanos dourados e riscados de ferrugem, eram tão vistosos que brilhavam mesmo na sala sem luz da velha casa.
Tão alto, tão sozinho, esguio, languido de carvalho. Pés largos em quadrado.
Rosto impávido e altivo. Se bastava na sua solitude. Demorava pesadamente pra se anunciar.
Um coração que badalava, ora pra uma esquerda, ora pra outra.
Aquele seu coração de ouro maciço, puro e brilhoso, luminava meus olhos de guri.
O tempo que passava, dum lado ao outro do seu coração, levava em si a batida do meu.
No tempo do tempo, ao tempo no tempo.
Adornava meu canto da infancia mais esquecida. Atrás de si uma janela de campo verde, um sol que nascia laranja e um rio que turvo passava verde.
Enchia de significado meu dia que passava nos circulos que ele descrevia, me abraçando com o compasso do passar de suas horas.
Um gato pardo, malhado, sei la colorido no canto do quarto do tio inválido, pesava seus pés sobre o assoalho que rangia, seu pelo pela casa espalhado, me dava até mesmo alergia, essa que não compensava a alegria de ver outro ser vivo na casa que não aquele semi-morto na cama.
Meu nome não era ouvido em nenhum momento... aliás esse era o meu maior lamento, não saber quem eu sou.
Mikail, Maiquel, Guri, Tu aí... tunnnn, tunnnn, tunnnn. Três da manhã e eu aqui, sentado no costado da sala, perna cruzada, olho quieto boca que cala e sem saber porque, aquelas bolhas no canto do olho.
Apertava meus dedos contra as pupilas, via duas, três coisas iguais. Girava o dedo, perdia a noção do tempo, todo tempo me assuatava, o vento já figurava entre meus vilões. Batia janelas, assoviava frio, assustava os cavalos.
No passar daquelas horas que me trazia o vetusto, senti mexer o chão e vi passar o tempo, nesse som do badalar dos momentos que nos anos passou me vi num futuro longe, do meu eu de hoje, perto de ti amanhã.
Senti teu hálito da manhã que acorda e teu olho recém aberto.
Estiquei meu braço no abraço que diz bom dia.
Na cama que nos acolhe, num quarto que nos esconde. Nesse canto sul do planeta que nos assiste, despertos pelo sol que nos felicita.
Nesse embalo, eu vi, eu mesmo, e a ti.
Sonho, ilusão, viajem...
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